Ainda, a lista
Acompanhando a repercussão da lista. E repercussão de lista é sempre a mesmíssima coisa: revela mais a respeito de quem opina do que sobre a lista em si, ou sobre o estado das coisas daquilo que foi objeto de escrutínio (nesse caso, literatura brasileira).
Acho que repercussões de lista são normalmente mais interessantes do que listas em si: porque os participantes do entorno (nesse caso, a "cena literária") tomam a lista como plataforma para grandiloquentes discursos, favoráveis ou contrários à lista, em que abordam as razões pelas quais a lista é importante ou desprezível ou um avanço para a cultura ou sinal de decadência.
Talvez sejam as divergências e convergências nas diversas repercussões da lista que tenham algo a dizer sobre o estado das coisas daquilo que foi objeto de escrutínio (nesse caso, literatura brasileira) – mais até do que a lista em si.
Voluntária ou involuntariamente, os opinadores acabam por se revelar nessas linhas escritas às pressas, publicadas em redes sociais. É aí que aparecem os preconceitos escondidos, os ressentimentos mal-cicatrizados, a dor de corno dos que ficaram de fora, a vaidade dos que entraram, etc.
E, olha, eu não diria que é divertido acompanhar esse negócio, mas tem lá alguma coisa de entretenimento. Me fascina, não sei exatamente o quê. Talvez a preocupação com a maneira que nos relacionamos, em nível coletivo, com os livros. Talvez o fato de que nos forçamos a pensar que tipo de livros queremos ler ou escrever no futuro. Talvez o fato de que a lista indique algo sobre o tempo que habitamos e sejamos obrigados a falar com clareza e sem melindres das coisas que nos acalentam e nos perturbam.
("It's not a time piece, it's a conversation piece", diz o Freddy em Mad Men, ao fazer o pitching do relógio Accutron. Mas isso não tem nada a ver).
Mas aí talvez você queira saber: e qual a minha opinião sobre a lista? Bem, digo eu, assumo que nada ali me surpreendeu. O que mais me surpreendeu foi justamente a ausência de surpresas. Se me pedissem para criar uma lista do que 101 cabeças apontaram como o melhor da literatura brasileira no século XXI nas páginas de um jornal de grande circulação no ano do Senhor de 2025, eu provavelmente listaria algo semelhante. Considero, portanto, uma lista previsível, acima de tudo.
O que isso diz sobre mim? E sobre aquilo que foi objeto de escrutínio (nesse caso, literatura brasileira)?
Anyways, algo interessante a ser dito sobre mim e sobre literatura é que meu novo livro, Frankito em chamas, está saindo agora pela editora Todavia e já pode ser adquirido em pré-venda: aqui pelo site da editora e aqui pela Amazon.
"Um romance irreverente e luminoso sobre o tempo, a vida adulta e as definições de trabalho e solidão", diz a editora, que continua: "Escrito na melhor tradição latino-americana, com ecos de Pedro Mairal e Martin Kohan, Matheus Borges compôs um romance engraçado e comovente sobre nossos tempos, sejam eles quais forem."
Talvez Frankito algum dia seja incluído numa lista. Talvez não. Whatever.